O espírito socrático

Sócrates foi um personagem que não sabemos ao certo se existiu de fato. O que sabemos sobre sua obra foi registrado por seus discípulos. Platão, o mais influente e conhecido discípulo de Sócrates no mundo ocidental, descreve os diálogos de seu mestre. Ao longo dos registros verifica-se um homem sem igual. Sócrates tinha uma mente inquieta e que provocava os atenienses com seus questionamentos sobre a existência do ser humano e o mundo que os cercava. Sócrates chamava a atenção tanto pelo brilhantismo de sua oratória quanto a simplicidade de modo de vida. Não demorou muito tempo para encantar muitos jovens a pensar fora dos padrões normais de uma educação cartesiana. Questões simples, mas complexas, provocavam vendavais na mente humana. Por exemplo: quando o general chegou a Athenas comemorando a vitória em uma batalha, Sócrates perguntava ao general o significado da palavra coragem. Você pode imaginar que dar uma definição a palavra coragem é fácil, mas a questão não estava pautada em palavras frias, pois o contexto do tema é diversificado. É como se alguém lhe perguntasse sobre o que é a vida, o que você responderia? Eu diria que não sei, pois a diversidade do tema é enorme. Dizer que a vida é um aglomerado bioquímico que tem como base carbono é apenas definir um fragmento da palavra em questão.
Sócrates não era conhecido apenas pelos seus questionamentos, mas também por algumas afirmações, tais como: "Só sei que nada sei"; “Conhece-te a ti mesmo, torna-te consciente de tua ignorância e será sábio". A relação de ignorância e conhecimento o levou a consultar a sacerdotisa do templo de Delfos que o proclamou como o homem mais sábio dos homens, mesmo constrangido, Sócrates percebeu que o princípio da sabedoria é reconhecer a própria ignorância, coisa que não acontecia com os ditos sábios da Grécia antiga.
Infelizmente, Sócrates teve que enfrentar o júri grego sob acusações ridículas de imoralidade e ofensa aos deuses. Na verdade, o interesse em julgar Sócrates foi o medo do novo, pois as provocações socráticas geram autoconhecimento, com ele vem questionamentos sobre o status quo. Como quem orquestravam o julgamento eram representantes do poder econômico e religioso, os mesmos não queriam que as pessoas questionassem o modelo social estabelecido. No fim, Sócrates foi condenado a morte, pois preferiu seguir filosofando na eternidade do que viver silenciado por aqueles que foram envenenados pelo poder. Esta história aconteceu por volta de 400 anos antes de Cristo. Hoje, no ano de 2017, este registro mostra que os homens passam, mas a expressão do espírito permanece, principalmente daqueles que marcaram a história como Sócrates.
O exemplo de Sócrates é acessível para todos que querem uma jornada de autoconhecimento, pois  como dizia Mahatma Gandhi: "Seja a mudança que você quer ver no mundo." Existe uma outra frase atribuída também a Gandhi que diz: "A única revolução possível é dentro de nós."
Não existem garantias de mudar o status quo  da nossa sociedade através de pensamentos extraídos no mundo das ideias, mas a chance de mudar-se é muito grande. Daí surge a verdadeira revolução. Quem sabe  o que pode acontecer se a revolução de si se tornar em grande escala na população mundial no mesmo espaço de tempo.
O futuro é incerto, mas conhecer o passado é importante para compreender os fatos recorrentes no presente. Nesse parêntese histórico,  o personagem Sócrates  torna-se  importantíssimo na evolução pessoal.
O espírito socrático continua vivo para quem quer mudar a sua própria realidade.
Saborear a mudança pode ser difícil, mas é o único meio de evoluir.

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