Conexões

 

Observar o céu e ver o Príncipe noturno em pleno vigor, estimula reflexões sobre o mundo que nos cerca e o(s) nosso(s) (des)propósito(s) em um Ponto azul diluído no espaço-tempo. Assim, as conexões são estabelecidas com os pacotes de eras de percepções e práticas que nossos ascendentes deixaram nos estágios de existências (des)construídas. Portanto, é possível transportar-se com a imaginação em uma viagem pelo modelo temporal e visualizar irmãos em latitudes e longitudes diferentes, enxergando o Príncipe noturno com olhares e narrativas complexas que divergem na forma, mas convergem na essência. Esse link com os antepassados permite saborear o mundo sensível em fluxos de movimentos simbólicos, que nem sempre geram oportunidades de construções, pois o nosso caminho histórico tem cicatrizes que se evidenciam na manifestação de domínio do homem pelo homem. Assim, Luz e trevas percorrem o caminho da humanidade. Energia, nas essências luminosa e escura fria, percorre o caminho do Cosmos. Podemos concluir que a dualidade que pavimenta o caminho da humanidade tem a mesma essência no pano de fundo do Cosmos? Pode  a ontologia do ser em quanto ser resumir-se no maniqueísmo adaptado para explicar o que nós somos? Dizer sim a estes questionamentos é ignorar a essência da essência, ou seja, é negar a legitimidade da dúvida sobre a existência do livre arbítrio, é compactar e simplificar a existência em apenas um dualismo sem questionar as estruturas físicas, químicas, genéticas, cognitivas, emocionais, ambientais  sociais e transcendentais, mescladas com as manifestações culturais, artísticas, políticas, psíquicas e simbólicas, gerando percepções de realidades pautadas nos conhecimentos mitológicos, de senso comum, religiosos, filosóficos e científicos. Toda essa complexidade aflora no ser consciente de sua finitude vindoura, que mesmo diante do prazo de validade biológica, encontra esperança de se eternizar na história.
As engrenagens dos compostos heterogêneos descritos acima, compõe o ser humano em sua busca no encaixe funcional no Universo em constante metamorfose. Associar os ritmos existenciais, talvez, seja o maior desafio da humanidade. Entretanto, se isso for possível, abrirá margem para cogitar o destino como última fronteira da humanidade? Não, pois o Universo em metamorfose indica possibilidades que não dominamos, caminhos diferentes que não anulam o "projeto" de ser inacabado no processo existencial. Na verdade, é só uma alegoria simbólica proposital para enfatizar a mudança como mola propulsora na trajetória de vida. 
Por mais que os fenômenos sejam cíclicos, existem singularidade que não conseguimos compreender, nessa trajetória, questionamentos implicam a abertura de novas dimensões sobre nós e o Universo. Sempre será, geração após geração, conexões conscientes, e até mesmo inconsciente, sobre a nossa origem, evolução e existência, pois no fundo somos raros, complexos, contraditórios e inteligentes. Por isso, conexões servem como pontes que ligam o sujeito indeterminado no âmago da essência com o mundo que nos cerca a fim de construir e desconstruir fluxos em prol do espanto existencial.


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