Moldando a realidade
Tudo levava a crer, algo irônico no meio científico, que Newton foi a última fronteira para uma realidade totalmente explicada pelas leis científicas conhecidas até aquele momento. Portanto, observar a matéria, com comportamentos regidos por uma harmonia de leis observáveis e experimentados, com resultados previsíveis, era o único modo certo a se pensar, o que contribuiu para o mundo acadêmico criar suas próprias doutrinas científicas inflexíveis por um longo período. Assim, a metafísica estaria definitivamente fora das equações da realidade. Nesse contexto, o Deus das lacunas não era mais necessário para explicar o Universo pulsante. Os valores foram revistos. Uma cadeia ideológica se formou para além da esfera científica, atingindo a Filosofia e a Literatura. Nietzsche e Dostoiévski foram exemplos disso. O primeiro menciona a morte de Deus em sua obra Ciência Gaia. O segundo traz uma reflexão de ordem moral: "Se Deus não existisse, tudo seria permitido." (Mais tarde Sartre usaria esse texto de Dostoiévski como ponto de partida do existencialismo).
Eis que surge o século XX, com ele floresce Albert Einstein com a Relatividade, moldando uma nova visão de realidade do espaço-tempo, dando um upgrade na mecânica newtoniana. Paralelo ao Einstein, a teoria quântica avança rumo a um mundo de incertezas e singularidades. Juntos, a Relatividade e a Física das partículas subatômicas, geram uma nova revolução científica, onde as doutrinas de outrora deixaram de ser verdades absolutas para uma ramificação de proporções gigantescas na construção de novos conhecimentos científicos e tecnológicos. Além disso, permitiu a volta do Deus das lacunas com um recado avassalador: "Nietzsche morreu." E mais: "A essência precede a existência."
Hoje, a ciência avança, novas descobertas abrem oportunidades inéditas ao ser humano de progredir até mesmo para ser o extraterrestre do futuro, entretanto, nunca iremos saber tudo.
A realidade será sempre questionável! Pois o que molda o mundo que nos cerca, a matéria, com suas moléculas e átomos? Será que o Cosmos é moldado pela nossa consciência? Essas e outras infinitas questões devem permanecer em nossa busca incessante pela verdade. Esse fato acontece porque nós somos inacabados e sujeitos a mudanças e variações. Portanto, moldar a realidade é um trabalho contínuo, onde cada geração contribui com advento de contextos históricos, científicos e filosóficos. Assim, é preciso ver o que todo mundo vê, sem esquecer de observar o que ninguém observou, procurando garimpar sentido e significado, mesmo que não haja nenhum, nas teses e antíteses, gerando sínteses que podem ser reproduzidos em modelos de possíveis realidades, sempre com o intuito de deixar o circuito aberto para novas pavimentações de estradas que levam a configurar um mapa mais próximo possível da realidade que permeia todo o caminho.



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