Unificação do conhecimento

 

Albert Einstein dedicou os últimos anos de sua vida na elaboração de um modelo científico elegante que pudesse explicar todas as forças fundamentais da natureza em uma Teoria de Campo Unificado. Infelizmente,  o revolucionário da Relatividade nos deixou sem ter concluído o que seria o "santo graal" da Física.
O exemplo de Einstein não é único, pois observando a história iremos constatar que a unificação do conhecimento foi a tônica de muitas áreas do saber, principalmente na complexa interação religião-mística, na Filosofia e na própria Ciência (conforme descrito no início do texto).
Independente da área mencionada, com o seu respectivo propósito específico,  a unificação do conhecimento transcende a vontade de saciar a curiosidade eminente de nossa espécie consciente, ou seja, a unidade do conhecer representa controle, domínio sobre o sentido de existência, o amparo diante de um Universo indiferente a nós, funcionando como a força motriz dos seres pensantes em busca do elo unificador da realidade em si. Essa projeção é o verbo nas religiões monoteístas, onde a unificação do conhecimento é uma projeção humana transcendental em um Ser Divino onisciente, onipresente e onipotente. Mesmo no mito e nas religiões politeístas, nós encontramos registros de uma Entidade Espiritual em maior destaque em relação a outras Entidades Sobrenaturais. Assim, Odin é o maior das deidades nórdicas, Zeus o principal Deus da mitologia grega, Rá o Deus egípcio responsável pela criação do mundo, Tupã o Ente Divino Supremo do povo Tupi-Guarani, enfim, há uma tendência de concentrar os saberes místicos-religiosos em uma referência superior que contém as respostas sobre a vida e os mistérios da existência.
Quando o salto de fé, as experiências xamânticas, os chamados oníricos e as narrativas transcendentais não preenchem a lacuna da busca da unificação do conhecimento, gerando inquietações no âmbito da lógica e da razão, a Filosofia entra em ação, com caminhos diferentes, mas com o mesmo objetivo final unificador observado nas religiões e nas narrativas místicas. Assim, os chamados pré-socráticos buscavam a unificação do conhecimento nos elementos da natureza. Esses filósofos da physis foram responsáveis pela transição da consciência mítica para a consciência racional, visando a origem de todas as coisas nos recursos naturais disponíveis na realidade concreta. Alguns nomes são referências neste aspecto. Por exemplo: Anaxímenes de Mileto acreditava que as coisas estavam no elemento ar. Já Heráclito defendia a tese do devir, ou seja, na fluidez das coisas, tendo como símbolo o fogo. Demócrito afirmava que o átomo era o princípio de todas as coisas... Enfim, o amor ao saber pela razão traz em sua essência o legado espiritual inconsciente unificador que projeta uma realidade com engrenagens que funcionam em volta de uma peça fundamental que dá harmonia a todos processos de sistemas que estão ao nosso redor. Essa psique de mundo vem nos acompanhando ao longo da história. 
Em relação a razão ao quadrado, além do exemplo de Einstein, citado no início do texto, a busca pela unificação do conhecimento encontra significado em algumas teorias científicas. Uma possibilidade viável é a conhecida supersimetria. Segundo o artigo publicado no site da Scientific American Brasil (https://sciam.com.br/supersimetria/), a supersimetria é um conceito da Física que inter-relaciona partículas complementares diferentes: os férmions (como os elétrons, prótons e nêutrons), que constituem o mundo material, e os bósons (como os fótons), que geram as forças da natureza. Neste sentido, os cientistas realizam experimentos para gerar um modelo-padrão em linguagem matemática que possa explicar teorias complexas da Mecânica Quântica, da Relatividade, entre outras forças fundamentais naturais, em uma equação estável. Entretanto, até o momento, as exceções são mais numerosas que as regras. Significa dizer que não há indícios em prol da supersimetria. Sendo assim, a cada dia fica mais evidente a diversidade de fenômenos como algo divergente de um modelo-padrão que contextualize as leis naturais em harmonia com a construção argumentativa proporcional as regras de equilíbrio científico cognoscível. Portanto, a dissimetria cosmológica parece mais palpável, neste instante cronológico, do que uma grande simetria universal.
Em suma, a unificação do conhecimento é um símbolo que configura um pool de sentidos em razão da assimilação do bem estar racional e emocional diante do macrocosmo indiferente a nossa existência. Além disso, é preciso ler a realidade de forma mais imparcial possível para observar o âmago das imperfeições e a diversidade que desafia a lógica em paralaxe de percepção dos nossos sentidos, proporcionando um novo pensar de transvaloração sobre as desarmonias, as entropias e as singularidades que constituem a nossa realidade, com o intuito de desmitificar a unificação do conhecimento como a fronteira final do saber universal.

Comentários

  1. Professor, socorro! Física não é a mesma sem você.
    Ass: Evelyn, Karla e Gustavo.

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