Licença poética sobre a consciência cósmica

 

Foi necessário esperar bilhões de anos para iniciar a busca pelo entendimento do que há na existencialidade temporal e do que pode haver como possibilidade para além da materialidade sujeita as leis universais. Durante este processo muitos foram os desafios para arquitetar no processador orgânico as percepções, as sensações e as interpretações objetivas e subjetivas da realidade.

Sem a presença do observador consciente, o universo transmutou-se no silêncio e na aleatoriedade, vagando em seu próprio flow, construindo-se e desintegrando-se em ciclos contínuos em um palco existencial sem plateia, apenas um show como espetáculo sem aplausos e sem reconhecimentos.

O Uno cansou de permear o verso no anonimato? O Onisciente fragmentou-se no "big-bang", onde cada partícula de seu É tornou-se essência cosmológica no intuito de ser a busca de um propósito master de consciências menores e específicas? Somos nós as consciências menores e específicas oriundas do desejo cósmico inconsciente de conhecer a essência da realidade? E se tudo for miragem, somos inexistentes vivendo sem sentido em um ponto azul aguardando a finitude silenciosa? São estas vertigens promovidas pela liberdade de pensamentos que indicam a nossa posição diante do abismo profundo de mistérios e assombros. O que fazer, dar um salto de fé para saciar a curiosidade existencial ou viver ao redor do abismo no conforto do mundo das aparências? Enfim, são questionamentos e dialética introspectiva ecoando em frequência imperceptível com outros microcosmos conscientes, dando vez e voz ao Cosmos dinâmico e pulsante, mas cega a sua própria imagem e imensidão. Sendo assim, sem a consciência do observador o universo existiria? Caso não existisse, o universo veio a existir no mesmo instante em que surgiu a consciência de existência? Se a reposta for sim, podemos dizer que o "big-bang" aconteceu no momento da origem do pensamento sobre a consciência de existência. Portanto, o tempo se resume ao momento, sem passado e sem futuro. A consciência é o universo e vice-versa. Nesta integralidade o que há é um fluxo complexo, culminando em pensamentos livres sobre propósitos e aleatoriedades, onde o encontro do universo com a consciência é o estuário transcendental e a expansão de tudo. Por isso o conhece-te a ti mesmo é revelador, pois olhar para si mesmo é a profundidade que nos remete ao Deus das lacunas multifacetado nos versos do Uno, energizado em nossas angústias existenciais. Além disso, o convite ao autoconhecimento é o caminho transversal que conecta a essência da alma com a imensidão pulsante, favorecendo a fusão harmônica da consciência cósmica presente em nós com o É fragmentado em um processo complexo de compreensão gradual e analógico sobre quem somos nós nos multiversos de eternidade cíclica e sem causa incognoscível no platonismo das aparências.

Comentários

Postagens mais visitadas