Loucura


 A Loucura aqui exposta não é a desrazão propagada no âmbito do senso comum, mas o além que inspirou obras como Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdã, estimulando o espírito crítico humanista renascentista, defendendo a razão, a busca pelo conhecimento e os questionamentos sobre a ordem estabelecida, ingredientes ideológicas essenciais para mudar o status quo. Nesta linha de pensamento vale citar Michel Foucalt em sua obra História da loucura que traz um conteúdo contextualizado, repleto de referências históricas e literárias, onde o autor levanta indagações sobre o conceito de loucura, os efeitos do controle social e as perspectivas em diferentes épocas sobre a loucura, sendo um tratado metodológico estudado na psicologia, na medicina, nas ciências sociais e as respectivas áreas de atuação. Um outro autor importante é Machado de Assis que através de suas obras desperta nos leitores uma visão crítica sobre a realidade alienante e adiciona uma pitada de loucura como tempero irônico diante de certas tradições amargas impostas na sociedade.
A loucura também aparece na arte em temas complexos e multifacetado. Por exemplo: o surrealismo de Salvador Dalí, explorando o subjetivo, o inconsciente, o onírico, o excêntrico, entre outras características de uma imaginação além do óbvio. Outro parâmetro de arte é o romantismo que propõe demonstrar a loucura como manifestação de uma vida emocional intensa e libertadora.
No tocante a religião a loucura é uma ponte entre o santo e o profano, insanidade e perdição para o primeiro e lucidez e libertação para o segundo. O mais interessante é que nas escrituras sagradas tem uma passagem que diz: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias." (1 Coríntios: 27). Portanto, os santos julgarão a Deus por heresia?
Em suma, fora do âmbito do senso comum a loucura foi, e continua sendo, um campo fértil de ideias e polêmicas que desafia as tradições alienantes e a lógica estabelecida como verdade inquestionável, causando rachaduras nas estruturas conservadoras e progressões necessárias na sociedade humana que navega nas águas amplas do complexo existencial inexplorado.

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