Hibridização entre homens e máquinas

O ser humano têm freima, muita das vezes inconsciente, de transcender o obstáculo do tempo gradual para saltar na evolução em uma possível realização de sonhos.
Dentre as vontades humanas, algumas ganharam destaque, seja na mitologia, na arte ou no materialismo histórico (no sentido apenas do concreto). O voar foi um desses desejos em evidência que tornou-se realidade. Primeiro surgiu a ideia no imaginário, projetado no mito de Ícaro. Ao longo dos séculos, o voo humano foi canalizado na arte até chegar a possibilidade de alçar asas ao céu graças as inovações tecnológicas, cuja evolução é mais rápida que a história natural da Terra. Enquanto que as transformações naturais significativas demoram milhares de anos para ocorrer, a evolução tecnológica acontece em um tempo menor, em escala de décadas, principalmente, quando se fala em inteligência artificial.
A pouco tempo monitorou-se a conversa entre máquinas. Chegou um momento em que as "sucatas sabidas" comunicaram-se de forma personalizada, sem identificação com a linguagem humana. De outra sorte, uma máquina, submetida a uma experiência de inteligência artificial, questionou a existência. Sei que esse assunto assusta muitas pessoas, pois a teoria da conspiração de uma realidade apocalípticas das máquinas dominando o mundo não é tão absurdo assim. Mas o foco do texto é trazer a tona uma outra realidade para um futuro incerto.
Nessa proposta de uma realidade alternativa, a fusão entre carbono e silício, ou seja, a hibridização de seres humanos com máquinas, é uma medida real de consolidar sonhos que demorariam muitos séculos, ou milênios, para se concretizar.
As limitações de nossas percepções em enxergar a realidade seriam ampliadas com a revolução da hibridização. Seria mais fácil compreender o Universo, os oceanos e o complexo cérebro-mente sob a ótica do Homo tecnus.
Existe até projetos para eternizar memórias com a transferência de dados do cérebro para a rede mundial de computadores.
Todas essas medidas de hibridização tem a perspectiva de revolucionar o nosso futuro, mas há também uma outra face da moeda, ou seja, a desumanização. O que isso que dizer? Várias fatores, como: subjetividade, emoções, criatividade, surpresa, fragilidades, enfim, é um conjunto complexo que pode ser desplugado ou alterado por causa da fusão do carbono com o silício. Isso é certo? Não! Como também não é certo afirmar que tudo será como antes. Nesse sentido, a bioética e a biossegurança serão de fundamental importância no debate sobre a hibridização de seres humanos com as máquinas, pois existe paradoxo na relação. Se aprofundarmos as inovações tecnológicas, a ponto de haver a fusão anteriormente citada, vivenciaremos uma possível época de ouro do conhecimento e da evolução humana, porém, corremos o risco de deixarmos de existir como nós somos. Por outro lado, se negligenciarmos os aspectos do hibridismo com as máquinas, corremos o risco de postergar conhecimentos profundos e especializados para as gerações em um futuro bastante distante, com o adicional de ocorrer algum evento natural com probabilidade de extinguir a vida humana.  É um assunto bastante delicado.
Enquanto a realidade alternativa do Homo tecnus não se define, continuaremos a mistificar a nós mesmos, projetando o ideal utópico na criação de deuses imortais, sábios e que dominam o tempo, pois o ser humano não é o fim em si, ele é uma ponte para algo maior. Só resta saber se conheceremos esse algo maior ao longo da evolução gradual ou pelo viés das inovações tecnológicas, isso se a finitude não definir antes de nossos dilemas, varrendo a nossa chance de sermos deuses e senhores do tempo.

 

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