Raízes

A construção da identidade começa em suas raízes históricas. Isso não quer dizer que ao longo da vida não haja mudanças estruturais, pois somos seres influenciadores, como também seres que são influenciados pelos membros da mesma espécie, fatores empíricos, culturais e ambientais. Mesmo diante de possibilidades de mudanças, resgatar a própria história é um exercício comparativo da vivência atual, encontrando pontos de convergências, muita das vezes resultado de dogmatização ideológica que se culturaliza como verdade absoluta, como pontos de divergências, que podem ser novidades provenientes das inovações tecnológicas ou variação da mesma coisa, para então estabelecer parâmetros que podem definir a trajetória de vida.
Sem uma análise histórica, corremos um grande risco de repetir o mesmo repertório. Os atores podem ser diferentes interpretando um roteiro adaptado as condições do momento. Nas entrelinhas, o filme faz parte de um pacote cronológico que traz indícios fundamentais do passado, tais como: desigualdades, dominação, superioridade, exploração, determinismo, misticismo, enfim, propagandas enganosas de um filme antigo que continua sempre em cartaz, mesmo com o progresso do tempo, pois é o que dá mais audiência nos cinemas existenciais.
 Só é possível reconhecer a sua condição através de uma análise da construção de sociedade humana ao longo dos tempos. Conforme relatei acima, encontraremos um jogo de interesses que legaram para manter do jeito que é para que os "justos" dominem. É possível mudar? A princípio, não! Analisando os movimentos ao redor do mundo, poucas revoltas levaram a mudanças em prol da maioria. No começo alguns movimentos pareciam promissores, mas sucumbiram, pois o ser humano tem dois problemas graves dentro de si, ou seja, relação com poder e medo da liberdade.
A Revolução Francesa é um exemplo de problema com o poder. O povo francês na miséria, influenciado por interesses intelectuais da burguesia, lutaram contra o absolutismo. Levaram o rei a guilhotina. Pouco tempo depois, os burgueses assumiram o poder, levando várias pessoas a guilhotina. Os personagens mudaram, mas a opressão continuou, pois quem questionasse o novo governo poderia perder a cabeça. Lógico, se você ler sobre a Revolução Francesa, haverá a possibilidade do autor discorrer sobre uma trama que encoraja a democracia. Aliás, democracia, que seria governo do povo, nunca existiu, é mais uma dogmatização implantada por séculos, mas em sua origem só poderiam participar de decisões importantes na pólis somente os homens livres atenienses. Mulheres, escravos e estrangeiros estavam fora das assembleias. Infelizmente, a maioria, principalmente pessoas comuns como eu e, talvez, você, não tem grande relevância nas grandes mudanças a nível de país ou decisões internacionais.
Um outro exemplo foi a Revolução Russa com a "implantação do socialismo". Em suas raízes não tivemos a participação de importância política do proletariado, em vez disso, um ditador  usou a vontade popular de mudança para assumir o poder, como consequência, oprimiu o seu próprio povo para fins de interesse particular. Mais uma vez o povo foi usado sem desfrutar do bem comum a todos.
Ao longo da História grandes impérios e nações concentraram seus respectivos reinados nas mãos de poucos privilegiados.
Nós nascemos em um mundo que reprisa o mesmo filme a milênios. O que fazer? Primeiro passo é revisar a História para encarar a real situação. Depois, começar com aquilo que é mais palpável, ou seja, você. A mudança ela surge quando você muda. Acredito que a mudança é do indivíduo para o mundo. Atitude é fundamental! Sabemos que não nascemos prontos. Nos construímos ao longo da vida. Procure surpreender-se! Permita-se influenciar! Filtre as influências que chegam até você! Questione o inquestionável! Mude para mudar!
A atitude de mudança intrapessoal é constante, sendo assim, ame, mas evite as paixões, pois a paixão gera radicalismo ideológico. Faça reflexões sobre si, encontre fragilidades e potencialidades. Leia! Troque ideias, principalmente com os divergentes. Construa-se! Enfim, procure se emancipar da dogmatização determinística. Além disso, procure saborear as angústias da existência e a usar o medo a seu favor. São medidas que acrescentam em experiências de vida.
Em relação a liberdade, é importante frisar que o ser humano tem medo dela. Muitas pessoas tem dificuldades de enfrentar seus dilemas sem a orientação de alguém. Muitos delegam suas responsabilidades pessoais a parentes, líderes, e até ao próprio Deus, pois não querem assumir as consequências de seus respectivos atos.
Enquanto não soubermos lidar com o poder e a liberdade, ficará difícil construir novas raízes para que  gerações futuras possam frutificar em terreno fértil para  possibilidades de eras vindouras de mudança real. Mesmo assim, acredito no intrapessoal como estopim de algo maior, ou seja, metamorfose que tem a potencialidade de fazer o impossível se tornar o  possível viável.

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