Fragmentos de pensamentos: Apenas humano
Quando começamos a pensar sobre quem nós somos, seja a nível de consciência ou a nível de inconsciência, projetamos nossas angústias em deuses, transferindo responsabilidades diante de fenômenos que não podemos explicar. Mais ainda, evitamos a tragédia da morte como algo sem sentido, onde o desconhecimento de possibilidades (in)existenciais nos levou a um pavor contido em uma panela de pressão mental pronto a explodir, trazendo sequelas de introspecção melancólico.
Diante de nossos complexidades, insistimos em procurar sentido na externalização ideológica de segregação sócio-cultural-econômico, com doutrinas de dominação e exploração. Assim o Homo sapiens encontrou um refúgio de si no vazio.
Estamos divididos em raças e classes hierarquizadas, apenas para inflar o ego dos "seres superiores" e menosprezar os "seres inferiores". Quem disse que a vaidade infrutífera de castas iria resolver a questão sobre quem nós somos? Esse tipo de "organização civilizatório democrático" mais oprime que identifica a diversidade.
Complicamos demais! A parcimônia de humildade aponta para um caminho para a busca do inacabado.
Acompanhando a nossa história de quem somos, entra na jogada a filosofia, a ciência e a tecnologia. O primeiro é de fundamental importância para evitar a alienação em uma fé cega nas duas últimas citadas, pois a ciência e a tecnologia não são deuses capazes de trazer todas as respostas que antes eram, e continuam sendo, buscadas nos mitos. Porém, a filosofia pode ser a própria alienação perante as questões existenciais.
A guerra é um outro ponto a ser abordado. Confronto que não é compreendido pelos combatentes. Nesse mundo em que ninguém ouve ninguém, não há heróis! Somente autoritarismo e vítimas, onde o próximo torna-se inimigo sem razão de ser. Isso sim é uma coisa sem sentido! Uma espécie de fascismo disfarçado de patriotismo. Loucura! Aliás, para que serve o patriotismo se somos planetários?
Ainda dizem que, metaforicamente, Deus está morto, pois a ciência e a tecnologia nos iluminaríamos. Bizarro!
Externalizamos tantas coisas que coisificamos a nós mesmos.
Não precisamos dissecar a sociedade para fortalecer a nossa diversidade, só basta organizar os símbolos e significados múltiplos na essência orgânica de ser humano que somos, nada a mais, nada a menos, levando em consideração a nossa pluralidade sem igual que nos torna tão previsíveis, ao mesmo tempo, as polifacetadas que encanta pela simetria de comportamentos, e como bônus, ainda temos as surpresas com as assimetrias dos inesperados. Alguém conhece o autor dessa obra de arte?
Somos assim, criamos pensamentos existenciais e a manifestamos no terreno do conhece-te a ti mesmo, ou vive-versa.
O instinto egocêntrico insiste em demonstrar poder em nossa forma míope de ver o mundo.
Os conflitos fazem parte do que somos. Temos que tomar cuidado para o embate não se tornar confronto, pois como dizia Tancredo Neves: "Não são os homens, mas as ideias que brigam."
As ideias tem fome, quem eu vou alimentar: o outro como humano ou eu como coisificado a sobressair? É uma liberdade de escolha, quando há opções, pois quando existe apenas um lado, a tendência é o ódio predominar no espaço da irracionalidade.
Eu não sou o que penso, sou o que procurei construir ao longo da jornada existencial. Dentre as opções escolho ser apenas humano, sem estigmas de castas. Permitindo-me errar e acertar, como parte de amadurecimento do eu sei que nada sei (que abre o apetite para saciar a minha fome de saber). Além disso, procuro desenvolver a arte da empatia, sem sabotar a minha identidade como humano que também sou. E ainda, confio naquilo que acredito, até o momento em que a aprendizagem se tornar maior que o mestre.
Contradizendo o início do texto, que Deus me ilumine para entender os processos de pensamentos, pois é a única sanidade que tenho para evitar ficar de fora do hospício existencial, porque viver apenas na selva de concreto é encontrar tudo, menos o sentido essencial de ser humano.



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