As máquinas não choram

Pesquisando sobre inteligência artificial na internet, achei um texto interessante no site do tecmundo (https://www.tecmundo.com.br/software/130136-nova-inteligencia-artificial-google-ter-superado-teste-turing.htm). Segundo o artigo, houve um evento para desenvolvedores Google I/O 2018. A novidade foi a apresentação de uma assistente digital bastante articulada ligando para um salão e agendando com uma pessoa, de forma muito natural, um corte de cabelo - com direito ao jeitinho espontâneo de responder às questões. A novidade foi tão empolgante que muita gente chegou a cravar que a assistente digital conseguiu superar o Teste de Turing (avaliação criada por Alan Turing, o conhecido pai da computação. O exame, desenvolvido nos anos 50, consiste em observar a capacidade de uma máquina  em exibir um comportamento equivalente ao de um ser humano). Até o momento, as especulações de superação no Teste de Turing não passam de empolgação, pois não há comprovação científica sobre tal fato. Mesmo assim vale destacar a evolução dos novos modelos de inteligência artificial nos últimos anos, favorecendo a tese de que as máquinas estão em processo de inovações que venham encurtar as diferenças cognitivas entre nós humanos e a tecnologia de articulação de pensamentos. Esta tese tem respaldo em dois pesquisadores da Universidade de Oxford, de Yale e do Future of Life Institute - uma organização focada no estudo dos riscos relacionados a IA - realizaram um levantamento que envolveu a participação de 352 dos mais respeitados especialistas em inteligência artificial do mundo. O resultado da análise revelou alguns insights bem interessantes sobre o que esse pessoal pensa com relação à nossa existência em um mundo dominado por máquinas. Os resultados da pesquisa levaram os especialistas a crença nos seguintes dados: uma chance de 10% de que as máquinas com nível de inteligência equivalente à dos humanos já terão sido desenvolvidas até o ano de 2028. A probabilidade pula para 50% até o ano 2050 - e para 90% até 2150 (estes e outros dados estão disponíveis no site tecmundo - https://www.tecmundo.com.br/inteligencia-artificial/117528-especialistas-avaliam-riscos-ia-dominar-humanidade-futuro.htm).
Todos esses dados e prognósticos futuro sobre o mundo revolucionário de inteligência artificial, me fez refletir sobre três questões: o que é inteligência? Será que caracterizar uma máquina como autônomo para resolver problemas com engenhosidade e facilidade já é o suficiente para defini-la como inteligente? Quais são os tipos de inteligências que existem? Não são perguntas fáceis de responder, pois temos alguns modelos - inteligências múltiplas, inteligência multifocal, inteligência emocional, entre outros -  que dão um significado parcial sobre a inteligência. Ainda faltam peças que montam a totalidade da compreensão  na arte de pensar sobre este presente tão raro e complexo. Sendo assim, vejo a empolgação sobre a inteligência artificial como uma ansiedade fantasiosa de projeção humana de ser maior do que ele é em tempo reduzido. Logo, esta é uma visão romântica vinculada ao transhumanismo. Não quero dizer com isso que as pesquisas em IA são balelas, pelo contrário, vejo como algo sério e impactante. Mas não podemos nos perder em simplicidade de que máquinas autônomas e capazes de resolver problemas seja o parâmetro para definir inteligência. Neste sentido, as pesquisas sobre inteligência precisam avançar, tendo como aliado as inovações tecnológicas, sem a neura de tornar a IA numa obsessão de dependência para as nossas conveniências, como se fosse uma espécie de inteligência alfa externa descaracterizada e autodestrutiva, pois como dizia Stephen Hawking: " (Essas máquina) avançariam por conta própria e se projetariam em ritmo sempre crescente. Os humanos limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados." (site bbc: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141202_hawking_inteligencia_pai). Após ver a preocupação de Stephen Hawking, pergunto: seria inteligente criar uma inteligência artificial que poderia destruir a inteligência que a criou? Onde está o sentido disso?
Por não dominar o conceito real de inteligência, temos que aprofundar o conhecimento sobre o que de fato  é inteligência e, ao mesmo tempo, equacionar a questão de inteligência artificial como ferramenta de utilidade humana.   
Descentralizando a inteligência artificial da academia para o cotidiano, vemos este fenômeno de projeção humana em sistemas digitais e máquinas em nosso dia a dia, ou seja, na facilidade de saber o saldo em conta bancária, na comunicação através de redes sociais, nos games lúdicos, na tecnologia voltada para evolução na medicina, enfim, são ferramentas de utilidade humana que valorizam as relações sociais, culturais, econômicas e cognitivas, desde que haja propósito de construção de caminhos desvinculados de alienação, controle e desigualdades.
Com o avanço da tecnologia, o computador quântico tornou-se uma revolução. A máquina movida pelo "poder" do micro é capaz de resolver uma equação matemática em milésimos de segundos com resolução exata, sem erros. Realmente é fantástico! E não é só isso, esse computador tem energia quântica de sobra para durar gerações. Mesmo diante dessa capacidade lógica, podemos dizer o que é inteligência? Difícil!
O mundo tornou-se pequeno diante de tantas inovações tecnológicas.
Sem perceber, o ser humano fica a cada dia mais dependente das máquinas.
As pessoas esquecem que os computadores, e outras tecnologias associadas, possuem muita memória, pouca inteligência (já que não sabemos a fundo o conceito real), nenhuma emoção (que pode ser um tipo de inteligência), incapacidade de reprodução biológica e ausência de domínio de existência.
O mais interessante é que em um mundo tão moderno e cheios de opções tecnológicos que facilitam a unificação social, mas isolam as pessoas, funcionando como uma espécie de contradição entre construção de laços e doenças da alma, culmina em um desequilíbrio que focaliza mais o vazio existencial do que a evolução para algo maior.
Nenhuma máquina do mundo, por mais avançado que seja, conseguirá preencher o vazio que há dentro da alma do ser humano.
O que o ser humano busca não está em objetos que sofrem ação física do caos.
Somos seres sociais e, como tais, precisamos de compreensão, amor, solidariedade, empatia, enfim,  aspectos humanos que encontram-se em escassez no deserto frio, implacável, sem coração e sem espírito de vida chamado tecnologia.
Creio que não haverá uma máquina que responderá com exatidão as perguntas sobre as complexidades da existência humana.
Apesar de todas as maravilhas que as máquinas podem proporcionar, ou não, dependendo do que fizermos no presente, elas não serão capazes de chorar como nós.

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