Formigueiro não é uma cova de leões
Antes de nós, os outros seres vivos já praticavam a arte de sobreviver ao meio ambiente. Seja voando, rastejando, nadando, entre outros métodos de locomoção, a vida expandia-se e diversificava-se, formando, juntamente com os ecossistemas existentes, uma biosfera dinâmica e complexa.
Diante dos desafios naturais, a biodiversidade encontrava na competição e na cooperação comportamentos de adaptação, estimulando a roda da vida.
Leões e outros predadores competiam por espaço, alimento e privilégio reprodutivo, enquanto outros animais, como as formigas, desbravavam das mesmas condições através da cooperação.
O ser humano evoluiu, aprendeu ao longo de sua história a importância da competição, pois sem esse comportamento não estaríamos aqui. Provavelmente, outro "humano" estaria em nosso lugar (lembrando que é apenas uma hipótese que pode ser refutada, caso apareça uma nova argumentação plausível). Aprendemos também o valor da cooperação, porque encontramos soluções de sobrevivência em sociedade, mesmo com todos os dilemas que enfrentamos.
Hoje, manifestamos o comportamento de competição nos esportes, no mercado financeiro e até em vaidades sem fundamento. Nesse contexto, construímos um deus meritocrático de valor inestimável. Quem obedece seus mandamentos tem lugar ao Sol. Uma cidadania baseada apenas em competição por números, cifras e consumismo desenfreado. Esquecemos da outra face da evolução, ou seja, a cooperação ficou desprezada no darwinismo social ao qual vivemos.
A questão não é abandonar a competição, mas apenas equilibrá-la com a cooperação, evitando assim, a verdade rotulada em tribalismo de intolerância, autoritarismo (principalmente com os pequenos leviatãs) e violência (seja doutrinária ou física).
Mesmo sabendo que a cooperação não é uma solução definitiva para as mazelas humanas, visto que o indivíduo precisa de uma reciclagem mais profunda, vale a pena investir, porque um passo de cada vez se faz necessário para alcançar a reformulação social. Neste sentido, a cooperação em equilíbrio com a competição proporciona, desde que haja discernimento de aplicação de um e/ou de outro em momentos éticos apropriados, consciência prática de assumir as responsabilidades, despolarizando a ideia de que o inferno são os outros. Além disso, o equilíbrio entre competição e cooperação descentraliza funções sociais, promovendo gestão democrática, onde todos tem voz e vez, sobrepondo o limite antes imposta pela competição desenfreada. Incluo neste contexto a humildade cognitiva de estar sempre aberto a novas aprendizagens de crescimento, não apenas para si, mas também em benefício do outro, sem que se perca a identidade individual e sem o estigma de nós e eles, pois todos são e isso já basta.
Gestos simples podem fazer a diferença, diminuindo a distância entre competição e cooperação. Eis dois exemplos: quebrar o gelo dando um bom dia simpático a alguém que você não conhece e propor a troca de lugares entre os Chefes de Estado durante uma reunião de cúpula (evitando os vícios de lugares marcados e promovendo a reflexão sobre a inutilidade do nacionalismo, pois antes de nação somos humanos e oriundos da mesma origem filogenética). São atitudes singelas e marcantes. Funcionam como símbolos de mudanças. São exemplos surpreendentes. São alternativas para a monotonia. Enfim, como dizia Madre Teresa de Calcutá: "o que faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor."
Em desequilíbrio, a competição desenfreada predomina, frutificando a desesperança e o vazio existencial. Não é atoa que os números de depressão e síndrome do pânico acentuaram-se nos últimos anos. Não quero dizer que a competição desenfreada é a razão principal para as chamadas doenças da alma, mas acredito que está inserido na complexidade das causas, devido a consequência do vazio existencial. Para defender esta tese, trago uma reflexão de efeito dominó, ou seja, as pessoas estão cada vez mais encontrando dificuldades no mercado de trabalho. Com baixos salários, exigências exorbitantes, meritocracia para "tapar o buraco financeiro" cavado com a pá dos altos impostos e inflação, além dos problemas de políticas públicas, tudo isso promove uma cidadania de instabilidade, levando o indivíduo a uma desesperança. Associado a este fato, a competição desenfreada alimenta o individualismo, onde o lema é vencer a todo custo, seja furando fila no supermercado ou até se mutilar para ganhar visualizações em redes sociais. Juntando todas as peças, temos uma sociedade que vive segundo a paixão platônica de ter em detrimento do ser. Condições que levam a queda de dominós existenciais, onde o outro é visto como inimigo, tornando os humanos em ilhas isoladas com recursos limitados, em que o indivíduo tem dificuldades de ficar consigo mesmo. Na prática, este desequilíbrio culmina em um vazio de angústias insuportáveis, acarretando em uma depressão. Se for uma doença da alma mais profunda, caracteriza-se como síndrome do pânico, ou seja, é a queda do último dominó. Para reerguer os dominós, é necessário energia e força contrário ao movimento de queda (a cooperação pode ser o primeiro passo). Uma antítese a tese do darwinismo social que predomina na cultura atual.
No momento em que o umbigo é o principal foco de relações interpessoais, fica inviável observar apenas a nossa espécie para evoluir como sociedade. É preciso ampliar os horizontes. Significa dizer que temos que olhar a biosfera e aprender humildemente com a vida pulsante. O comportamento dos animais pode ser o começo.
Leões e formigas vivem em ambientes diferenciados, ocupando o mesmo espaço no Planeta Terra. Mesmo com comportamentos diferentes, um não vai predar o outro. Sem saber, ambos cooperam para a manutenção da vida.
Sem deixar a competição de lado, é possível equilibrá-la com a cooperação. Pode ser que isso não seja a solução definitiva para todos os males, mas é uma alternativa que pode mudar o nosso destino social. Para mudar é preciso aprender. Para aprender é necessário humildade para enxergar o que todo mundo viu e observar o que ninguém observou. Lembrando sempre que antes de mais nada somos humanos, e como tais, estamos em uma busca inacabada sobre quem somos e para onde iremos. As respostas podem estar prontas, mas a curiosidade ainda vive.
Enquanto houver questões existenciais, haverá alternativa para aquilo que parece ser intangível. Competição e cooperação são duas palavras chaves que podem abrir a porta da evolução, da involução ou da extinção. Qual foi a primeira porta que abrimos? Será a primeira e a última? Será que fecharemos a primeira e abriremos uma nova porta? Nós temos o poder de decidir ou não? Qual é a sua reflexão?
Diante dos desafios naturais, a biodiversidade encontrava na competição e na cooperação comportamentos de adaptação, estimulando a roda da vida.
Leões e outros predadores competiam por espaço, alimento e privilégio reprodutivo, enquanto outros animais, como as formigas, desbravavam das mesmas condições através da cooperação.
O ser humano evoluiu, aprendeu ao longo de sua história a importância da competição, pois sem esse comportamento não estaríamos aqui. Provavelmente, outro "humano" estaria em nosso lugar (lembrando que é apenas uma hipótese que pode ser refutada, caso apareça uma nova argumentação plausível). Aprendemos também o valor da cooperação, porque encontramos soluções de sobrevivência em sociedade, mesmo com todos os dilemas que enfrentamos.
Hoje, manifestamos o comportamento de competição nos esportes, no mercado financeiro e até em vaidades sem fundamento. Nesse contexto, construímos um deus meritocrático de valor inestimável. Quem obedece seus mandamentos tem lugar ao Sol. Uma cidadania baseada apenas em competição por números, cifras e consumismo desenfreado. Esquecemos da outra face da evolução, ou seja, a cooperação ficou desprezada no darwinismo social ao qual vivemos.
A questão não é abandonar a competição, mas apenas equilibrá-la com a cooperação, evitando assim, a verdade rotulada em tribalismo de intolerância, autoritarismo (principalmente com os pequenos leviatãs) e violência (seja doutrinária ou física).
Mesmo sabendo que a cooperação não é uma solução definitiva para as mazelas humanas, visto que o indivíduo precisa de uma reciclagem mais profunda, vale a pena investir, porque um passo de cada vez se faz necessário para alcançar a reformulação social. Neste sentido, a cooperação em equilíbrio com a competição proporciona, desde que haja discernimento de aplicação de um e/ou de outro em momentos éticos apropriados, consciência prática de assumir as responsabilidades, despolarizando a ideia de que o inferno são os outros. Além disso, o equilíbrio entre competição e cooperação descentraliza funções sociais, promovendo gestão democrática, onde todos tem voz e vez, sobrepondo o limite antes imposta pela competição desenfreada. Incluo neste contexto a humildade cognitiva de estar sempre aberto a novas aprendizagens de crescimento, não apenas para si, mas também em benefício do outro, sem que se perca a identidade individual e sem o estigma de nós e eles, pois todos são e isso já basta.
Gestos simples podem fazer a diferença, diminuindo a distância entre competição e cooperação. Eis dois exemplos: quebrar o gelo dando um bom dia simpático a alguém que você não conhece e propor a troca de lugares entre os Chefes de Estado durante uma reunião de cúpula (evitando os vícios de lugares marcados e promovendo a reflexão sobre a inutilidade do nacionalismo, pois antes de nação somos humanos e oriundos da mesma origem filogenética). São atitudes singelas e marcantes. Funcionam como símbolos de mudanças. São exemplos surpreendentes. São alternativas para a monotonia. Enfim, como dizia Madre Teresa de Calcutá: "o que faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor."
Em desequilíbrio, a competição desenfreada predomina, frutificando a desesperança e o vazio existencial. Não é atoa que os números de depressão e síndrome do pânico acentuaram-se nos últimos anos. Não quero dizer que a competição desenfreada é a razão principal para as chamadas doenças da alma, mas acredito que está inserido na complexidade das causas, devido a consequência do vazio existencial. Para defender esta tese, trago uma reflexão de efeito dominó, ou seja, as pessoas estão cada vez mais encontrando dificuldades no mercado de trabalho. Com baixos salários, exigências exorbitantes, meritocracia para "tapar o buraco financeiro" cavado com a pá dos altos impostos e inflação, além dos problemas de políticas públicas, tudo isso promove uma cidadania de instabilidade, levando o indivíduo a uma desesperança. Associado a este fato, a competição desenfreada alimenta o individualismo, onde o lema é vencer a todo custo, seja furando fila no supermercado ou até se mutilar para ganhar visualizações em redes sociais. Juntando todas as peças, temos uma sociedade que vive segundo a paixão platônica de ter em detrimento do ser. Condições que levam a queda de dominós existenciais, onde o outro é visto como inimigo, tornando os humanos em ilhas isoladas com recursos limitados, em que o indivíduo tem dificuldades de ficar consigo mesmo. Na prática, este desequilíbrio culmina em um vazio de angústias insuportáveis, acarretando em uma depressão. Se for uma doença da alma mais profunda, caracteriza-se como síndrome do pânico, ou seja, é a queda do último dominó. Para reerguer os dominós, é necessário energia e força contrário ao movimento de queda (a cooperação pode ser o primeiro passo). Uma antítese a tese do darwinismo social que predomina na cultura atual.
No momento em que o umbigo é o principal foco de relações interpessoais, fica inviável observar apenas a nossa espécie para evoluir como sociedade. É preciso ampliar os horizontes. Significa dizer que temos que olhar a biosfera e aprender humildemente com a vida pulsante. O comportamento dos animais pode ser o começo.
Leões e formigas vivem em ambientes diferenciados, ocupando o mesmo espaço no Planeta Terra. Mesmo com comportamentos diferentes, um não vai predar o outro. Sem saber, ambos cooperam para a manutenção da vida.
Sem deixar a competição de lado, é possível equilibrá-la com a cooperação. Pode ser que isso não seja a solução definitiva para todos os males, mas é uma alternativa que pode mudar o nosso destino social. Para mudar é preciso aprender. Para aprender é necessário humildade para enxergar o que todo mundo viu e observar o que ninguém observou. Lembrando sempre que antes de mais nada somos humanos, e como tais, estamos em uma busca inacabada sobre quem somos e para onde iremos. As respostas podem estar prontas, mas a curiosidade ainda vive.
Enquanto houver questões existenciais, haverá alternativa para aquilo que parece ser intangível. Competição e cooperação são duas palavras chaves que podem abrir a porta da evolução, da involução ou da extinção. Qual foi a primeira porta que abrimos? Será a primeira e a última? Será que fecharemos a primeira e abriremos uma nova porta? Nós temos o poder de decidir ou não? Qual é a sua reflexão?



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